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Família Portofino,

No cenário externo, começamos o 2º semestre monitorando a evolução do processo inflacionário global explicado principalmente pela elevação dos preços de energia e gargalos nas cadeias de produção. Estes choques de oferta fizeram com que parte do mercado passasse a considerar a aceleração da retirada dos estímulos e a antecipação do aumento de juros por parte dos bancos centrais dos países desenvolvidos.

A guerra de retóricas entre aqueles que acreditam em um processo inflacionário temporário e localizado contra aqueles que esperam algo mais persistente e disseminado irá continuar pelos próximos meses. Nossa opinião permanece a mesma. Continuamos a considerar como provável a sustentabilidade do crescimento global, a despeito de ações mais restritivas por parte dos bancos centrais, na margem.

Localmente, a trégua política entre a Presidência da República e o STF, permitiu que o Congresso e o Ministério da Economia voltassem a discutir soluções que acomodem na regra do teto de gastos o pagamento dos precatórios e a criação de um novo programa de transferência de renda, o Auxílio Brasil. A um ano das eleições, se faz necessário acompanhar com cuidado o desenrolar dessas negociações, com particular atenção a possível inclusão de “jabutis” com impacto negativo do lado fiscal.

Do ponto de vista dos nossos portfólios, decidimos, no nosso último Comitê de Investimentos, substituir parte do nosso risco direcional em bolsa brasileira por uma combinação de maior exposição em S&P500 e posições prefixadas no Brasil.

A troca de parte do risco local de bolsa local por S&P500 se deu pelas seguintes razões:

i. As projeções de crescimento da economia americana para 2022 permanecem por volta de 5% enquanto para o Brasil, as projeções têm sido constantemente revisadas para baixo. Crescimento por volta de 0,5% já não é visto como sendo tão improvável.

ii. Trabalhamos com a continuidade do crescimento dos lucros das companhias americanas. Para o Brasil, a desaceleração do crescimento fará com que seja ainda mais importante a escolha de empresas e setores que consigam navegar bem nesse ambiente menos favorável. Desta forma, continuaremos concentrando nosso risco de bolsa local na estratégia de seleção de gestores independentes, agora não mais combinada com posições passivas direcionais em índice Ibovespa e Small Caps.

iii. A extensão do processo de aumento de juros no Brasil para níveis próximos a 9%, fará a gestão de renda variável no Brasil ainda mais desafiadora.

Trabalhamos com o início do aumento de juros nos Estados Unidos somente para o final de 2022, na pior das hipóteses.

Já o processo de substituição de parte do risco de renda variável por ativos prefixados, se dará de forma gradativa com o intuito de preparar as carteiras para um ambiente local mais incerto e volátil em função dos desafios que se avizinham na condução da política monetária e na intensificação do processo eleitoral ao longo dos próximos meses. Apesar da óbvia correlação entre a renda fixa prefixada e o

Ibovespa, a relação risco x retorno da renda fixa nos parece mais favorável. A nossa curva de juros já projeta acima de 10% para o final do próximo ano.

Estamos à disposição para dividir em detalhes com vocês todo o racional da nossa decisão e a estratégia de implementação.

Aproveitem o fim de semana!

Edu Castro

Chief Investment Office

Portofino Multi Family Office

www.pmfo.com.br/on

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Eduardo Castro é Chief Investment Office na Portofino Multi Family Office.
Em sua carta “Causa e Efeito”, uma publicação exclusiva, traz os principais fatos da semana e os reflexos nos mercados financeiros globais.