fbpx
Causa e Efeito | Possível risco de cauda positivo: otimismo demais?

Causa e Efeito | Possível risco de cauda positivo: otimismo demais?

(Tempo de leitura: 8 mins)

Clique aqui para ouvir no Spotify e outros players.

Em nosso último relatório macro, publicado no início deste mês, dividimos com os clientes a nossa percepção de que os riscos de cauda gerados pela agenda econômica do novo governo haviam sido reduzidos. Nesta quarta-feira (31), na apresentação anual do Fundo Verde, seu economista-chefe, Daniel Leichsenring, corroborou com a nossa visão. Mas, de maneira simples, o que é realmente um risco de cauda?

O risco de cauda, do ponto de vista estatístico, é a possibilidade de ocorrência de eventos extremos e improváveis, que estão localizados na “cauda” de uma distribuição de probabilidades. Esses eventos podem ter um impacto significativo e desproporcional em relação aos demais eventos mais comuns. Em outras palavras, o risco de cauda refere-se à possibilidade de ocorrerem eventos raros, mas que podem ter consequências graves e imprevisíveis. Por exemplo, um terremoto de grande magnitude é um evento de cauda, pois é muito improvável que ocorra, mas, caso aconteça, pode causar impactos severos e altos prejuízos. Monitorar potenciais riscos de cauda é importante para que se possa planejar e gerenciar possíveis consequências destes eventos extremos e minimizar seus impactos.

A eventualidade de reversões significativas de reformas estruturantes e ganhos institucionais aprovados pelo Congresso Nacional a partir do governo Temer e a possibilidade de abandonarmos o chamado Teto de Gastos e com isso desviarmos da rota da responsabilidade fiscal estavam sendo apreçadas nos ativos domésticos como evidente risco de cauda. Passados 5 meses desde o início deste novo governo, temos evidências suficientes para afirmar que, apesar de muita retórica e algumas tentativas, pouco ou quase nada foi conseguido na direção de se promover grandes alterações daquilo que estamos chamando de conquistas institucionais.

Antes mesmo da posse, o governo recém-eleito tentou emplacar uma licença para gastar mais de R$ 200 bilhões por pelo menos toda a duração deste mandato, acima, portanto, do permitido pela Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos promulgada no final de 2016. Acertadamente, o Legislativo conteve esse ímpeto menos responsável do ponto de vista fiscal e aprovou a chamada PEC da Transição, condicionando o excedente a R$ 145 bilhões limitados ao exercício deste ano. Retóricas contra-reformistas e alguns balões de ensaios tiveram quase nenhum eco entre os parlamentares. O ministro Carlos Lupi, por exemplo, chegou a anunciar uma comissão para rever as aposentadorias e, por consequência, a Reforma da Previdência. Ideia que, de tão estapafúrdia, foi desautorizada pelo próprio governo. Este mesmo ministro não conseguiu angariar quórum para uma possível revisão da Reforma Trabalhista.

Outra importante guerra de narrativas, termo muito em voga no vocabulário do próprio presidente, tem sido as críticas ao Banco Central e a sua independência. A despeito das inúmeras investidas contra inclusive à pessoa do “cidadão” Roberto Campos Neto, esta independência jamais foi colocada em discussão formal. De maneira quase despercebida, a discussão a respeito da alteração da meta de inflação, sob a responsabilidade da tríade do próprio Campos Neto, Simone Tebet e Fernando Haddad, tem sido realizada de forma discreta e técnica como deve ser. Poderíamos estender o rol de exemplos de como nosso Congresso tem funcionado como goleiro evitando possíveis gols contra o melhor direcionamento da política econômica nacional. A Câmara dos Deputados, por exemplo, impôs importante derrota ao Governo derrubando trechos do decreto presidencial que, caso mantidos, desvirtuariam por completo as conquistas do marco regulatório do setor de saneamento aprovado durante o governo Jair Bolsonaro.

Por último, e talvez mais importante, a Câmara dos Deputados foi hábil em aprimorar o projeto do novo arcabouço fiscal proposto pela Fazenda, no qual, ao fim e ao cabo, conseguiu-se limitar o crescimento dos gastos públicos abaixo da média dos últimos 25 anos, vinculou objetivamente o aumento dos gastos à elevação da arrecadação, impôs algum tipo de enforcement e obrigação de prestação de contas no caso do não cumprimento da meta mantendo implícito o direcionamento anterior dado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Da sabedoria popular, “o ótimo é inimigo do bom” e, por fim, o Congresso conseguiu aprovar antecipadamente um novo arcabouço minimamente razoável para se garantir um crescimento administrável da dívida pública com a geração de superávit primário.

Constatada essa rede de proteção institucional, nossos mercados passaram a retirar dos preços dos ativos domésticos o prêmio da incerteza ou do risco de cauda. Associadas a observações mais benignas da inflação, a curva de juros futuros ajustou-se em quase 2% projetando a queda da SELIC a partir de setembro. O Ibovespa desde março subiu mais de 9%, enquanto as empresas de menor capitalização (Small Caps) performaram ainda melhor – mais de 16% no mesmo período. O real, em linha com nossos pares na América latina, encontra-se entre as moedas que mais se valorizaram frente ao dólar americano em 2023.

Estamos bem distantes de podermos aspirar um futuro espaço entre as economias mais desenvolvidas. Entretanto, a nossa percepção do presente desenho institucional brasileiro nos faz acreditar que o risco de “argentinização” do Brasil é também mínimo, se não inexistente. A combinação da paulatina desinflação mundial, consequente interrupção do ciclo de alta de juros com iminente afrouxamento monetário simultâneo entre diversos países, associados à aparente blindagem imposta ao governo contra aventuras ou reprodução de modelos que já se provaram fracassados no passado, nos deixa menos pessimistas, na margem. Quanto o copo do cenário para investimentos no Brasil, hoje, passamos a observá-lo meio cheio e por isso começamos a gradualmente aumentar o risco médio das nossas carteiras.

Em tempo: tivemos há pouco a divulgação do PIB do primeiro trimestre que cresceu 4% sobre o mesmo período do ano passado, ante estimativa de expansão de 3,1% e após alta de 1,9% no trimestre anterior, superando as expectativas da maioria dos analistas do mercado. Maior crescimento, mais arrecadação, maior probabilidade de geração de superávit. A distribuição de probabilidade é simétrica para os dois lados. Seria otimismo demais considerar um possível risco de cauda positivo? A conferir!

Eduardo Castro é Chief Investment Officer na Portofino Multi Family Office e escreve mensalmente esta Carta de Gestão, “Causa e Efeito”, que traz a sua visão estratégica sobre os principais fatos dos mercados e seus impactos.

___________________________________________________________________________

Importante: Este é um conteúdo Portofino Multi Family Office, não partidário, sem viés ou intenções políticas.

Quer acessar outros mais? Clique aqui.

Leia outros conteúdos da nossa newsletter:

Portofinonamidia

Retrospectiva Q1 2023 – Inflação ficou para trás?

Gestão profissional: análise fundamentalista e diversificação de ativos

Finanças Comportamentais: o impacto das emoções na gestão financeira

ChatGPT é fenômeno que mostra a capacidade disruptiva da inteligência artificial

ChatGPT é fenômeno que mostra a capacidade disruptiva da inteligência artificial

(Tempo de leitura: 7 minutos)

Em resumo, plataforma lançada em novembro do ano passado se tornou um fenômeno no mundo todo. O sucesso do ChatGPT elevou a corrida das empresas no setor da inteligência artificial, mas também despertou temas sensíveis que precisam ser discutidos.

A inteligência artificial é sem dúvidas um dos temas que mais ganharam repercussão nos últimos anos, principalmente após o desenvolvimento do ChatGPT. Mas se engana quem pensa que ela se resume somente a isso. As grandes empresas do mundo veem na inteligência artificial a principal tecnologia para desenvolver seus projetos e escalar os negócios.

Segundo o Artificial Intelligence Index Report 2023, a proporção de empresas adotando IA em 2022 mais do que dobrou desde 2017. Neste sentido, os EUA lideram o mundo em termos totais de quantidade de investimento privado na área. Em 2022, os US$ 47,4 bilhões investidos nos EUA foram aproximadamente 3,5 vezes o valor investido no segundo maior país, a China (US$ 13,4 bilhões). Os americanos também continuam a liderar em termos do número total de empresas de IA recém-financiadas, vendo 1,9 vezes mais do que a União Europeia e o Reino Unido juntos, e 3,4 vezes mais que a China.

A ideia de desenvolver uma tecnologia que simula a inteligência humana é de responsabilidade do matemático e criptógrafo Alan Turing, em 1950. Pensar o quanto essa tecnologia se desenvolveu ao longo de todos esses anos é incrível, ainda mais ao pensar que ela está mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos.

Sabe quando as redes sociais, como Instagram ou o YouTube, começam a te recomendar conteúdos? A inteligência artificial está nesses algoritmos, assim como no reconhecimento facial dos celulares, nas assistentes de voz Siri e Alexa, em carros autônomos e até mesmo no corretor automático dos celulares.

Atualmente, uma ferramenta que se tornou um fenômeno é o ChatGPT, que em tão pouco tempo de lançamento, o software bateu recordes em número de usuários.

ChatGPT e a inteligência artificial: recordes, inovações e riscos

Lançado em 30 de novembro de 2022, o serviço é gratuito e, dentre suas funções, ele responde perguntas, escreve textos, resolve problemas matemáticos, cria guias turísticos, e-mails, corrige códigos, etc. No Brasil, o programa desenvolvido pela OpenIA – empresa que teve Elon Musk como um de seus fundadores -, somente em 2023, já teve mais de 73 milhões de visitantes até março, colocando o país na décima colocação dos que mais utilizaram o chatbot. No total, o serviço já recebeu mais 1,6 bilhão de visitas no mundo todo esse ano.

O sucesso do ChatGPT e a sua influência para essa indústria é inegável. Em meio a esse cenário, grandes empresas de tecnologia começaram a se movimentar com mais urgência para não ficar atrás nessa corrida, caso do Google, Amazon e até Elon Musk, que criou uma nova empresa nesse ramo para concorrer com a tecnologia da OpenAI.

Entretanto, nem tudo são flores. O súbito avanço levantou questões sobre segurança e ética, levando a OpenAI a reunir um grupo de profissionais que tinham como objetivo saber dos perigos dos sistemas de inteligência artificial. A equipe ganhou acesso ao GPT-4, sistema utilizado na nova versão do ChatGPT, e, com os resultados, a empresa pôde resolver os erros e problemas críticos que foram encontrados antes de liberar para o público a nova versão da ferramenta. 

Dados da AIAAIC, que rastreia incidentes relacionados ao uso indevido ético da inteligência artificial, o número de incidentes e controvérsias de IA aumentou 26 vezes desde 2012. Quem não recebeu a imagem do Papa Francisco com um casaco que deixou todas as pessoas em dúvida sobre a veracidade da imagem? 

Cada vez mais, casos como esse estão ocorrendo, aquecendo uma discussão importante sobre os malefícios da tecnologia. Além disso, já foram relatados casos de inteligência artificial sendo usada para cometer golpes online e disseminar preconceitos étnicos, de gênero e de classe.

Em entrevista recente, Sundar Pichai, CEO do Google e da Alphabet, também se manifestou sobre essas questões. Para ele, a inteligência artificial pode ser muito prejudicial se aplicada da maneira errada e, por isso, é importante que, em meio a essa corrida para encontrar novas tecnologias após a explosão do ChatGTP, uma legislação seja implementada para trabalhar a inteligência artificial de forma benéfica.

A perspectiva é que com o avanço dos estudos e aperfeiçoamento dessas ferramentas, elas sejam cada vez mais influentes para diferentes áreas, trazendo benefícios para empresas, pessoas, comunidades, nações, etc. Mesmo em diversos âmbitos da vida das pessoas e do crescimento exponencial dos últimos anos, essa tecnologia ainda está passando por várias pesquisas e melhorias.

É normal encontrar pessoas assustadas se vão perder seus empregos para inteligência artificial ou como vai ficar o mercado de trabalho com essas novas tecnologias que desempenham diversas funções. Não é possível prever esse tipo de coisa, mas a verdade é que a IA, com suas aplicações em diferentes campos, pode beneficiar e maximizar a vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo e gerar inúmeras vantagens.

Em resumo, a utilização do ChatGPT apresenta diversos dilemas éticos que precisam ser considerados e abordados de forma responsável. É importante que a tecnologia seja desenvolvida e utilizada de maneira ética e consciente, visando sempre o bem-estar e a segurança dos usuários e da sociedade como um todo.

Outros conteúdos da nossa newsletter:

Fundos exclusivos: mesmo com possibilidade de nova tributação, eles ainda são uma boa opção
Advogada não acredita que MP de tributação de rendimentos no exterior seja aprovada este ano
#Portofinonamidia
Podcast – Planejamento Sucessório

Esfera BR | Campos Neto fala sobre Selic, inflação, fiscal e tecnologia

Esfera BR | Campos Neto fala sobre Selic, inflação, fiscal e tecnologia

(Tempo de leitura: 5 min)

Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.

Na tarde desta quarta-feira, 5, recebemos o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em encontro promovido com alguns dos principais nomes do empresariado brasileiro. Intitulado “Cenário Econômico e Agenda do BC”, o evento tratou de temas como Selic, inflação, reforma tributária, relação com o governo e com o Congresso, moeda digital, estrutura da autarquia e comunicação.

Frente a frente com importantes representantes da sociedade civil, Campos Neto respondeu a perguntas específicas de diferentes setores da economia, bem como a dúvidas gerais que permeiam a atual conjuntura econômica brasileira.

Principal tópico associado ao BC, a Selic surgiu como ponto de atenção em diversos momentos do encontro. Apesar de não poder falar sobre os planos para a taxa básica, já que a decisão é tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua totalidade a cada 45 dias, o presidente da autarquia reconheceu que a Selic está alta.

“O juro está alto? Sim. O juro real está alto e é o maior do mundo? Sim. Mas a taxa atual está mais baixa do que a média dos últimos 15 anos no mundo emergente”, afirmou Campos Neto, que também destacou que a taxa de juros real brasileira não é igual ao dobro da mexicana – segunda maior do planeta -, como já foi erroneamente divulgado.

O representante do BC pontuou que o trabalho para combater a inflação da maneira menos custosa para a sociedade é o que a autarquia persegue. “É preciso que saibam que o custo de combater a inflação é muito alto, e, a curto prazo, o custo de não combater é ainda mais alto, mais nocivo e mais perene. Estamos trabalhando para trazer a inflação para a meta”, disse.

Na seara da autonomia do BC, Campos Neto disse que a autarquia não pode ser personalizada e que, por isso, está ganhando institucionalidade concomitantemente à independência. No mesmo sentido, afirmou que a escolha de novos diretores não passa por ideologia, mas sim pela capacidade técnica dos selecionados. Além disso, acrescentou que gostaria que a diversidade dentro do BC aumentasse, mas sempre prezando pela qualidade dos componentes.

Vale lembrar que, com o fim do mandato de dois diretores da autarquia em fevereiro deste ano, novos nomes devem ser divulgados após viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, de acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Campos Neto também comentou a reforma tributária, sobre a qual se disse “otimista”. “O Congresso está convergindo para a necessidade da reforma. É difícil de fazer, mas vejo todo mundo querendo debater”, pontuou.

O presidente do BC ainda destacou o papel da tecnologia no desenvolvimento econômico do País. Para ele, o grande objetivo é democratizar o espaço financeiro do Brasil, e a tecnologia é a melhor forma para chegar lá. “A tecnologia é o instrumento mais democratizante do mundo”, afirmou. “É difícil não termos um ‘Ministério Digital’. Olhar tech e digital é algo que parece importante olhando para frente”, acrescentou.

O plano do BC, então, consiste em três passos: um trilho comum, um instrumento de comparabilidade e a tokenização – sendo o Pix o primeiro passo. “Ao contrário da Índia, fizemos questão de fazer o Pix de uma forma programável, para podermos colocar smart contracts”, disse.

segundo passo compreende portabilidade e compatibilidade – daí a ideia do Open Finance. Por fim, o objetivo é o Real Digital, o terceiro passo, que trata da digitalização total dos serviços.

Elogiado por sua forma de se comunicar, Campos Neto foi aconselhado a visitar os principais estados brasileiros, a fim de que se torne um rosto mais conhecido, e expressou preocupação no que diz respeito à conservação da imagem do BC. “Estamos tentando melhorar [a comunicação]. Ir aos estados talvez seja mesmo uma boa ideia”, comentou. “O Banco Central é um órgão técnico. Ficamos preocupados quando tentam nos politizar. Fizemos a maior subida de juros em ano eleitoral da história do Brasil. Isso mostra a independência do Banco Central, e precisamos comunicar isso melhor.”

Campos Neto - Esfera Brasil
Foto: Esfera Brasil

Fonte: Esfera Brasil

Clique aqui para ler sobre outras personalidades e eventos promovidos pela EsferaBR e Portofino MFO.

Arcabouço fiscal movimenta mercado depois de longa espera

Arcabouço fiscal movimenta mercado depois de longa espera

(Tempo de leitura: 3 min)

Depois de muita espera e suposições, o governo federal finalmente anunciou o novo arcabouço fiscal para dar mais clareza ao mercado financeiro em meio a um cenário conturbado. A proposta apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chega para substituir o antigo teto de gastos.

A regra prevê zerar o déficit em 2024 e impõe um limite para o aumento das despesas. A proposta prevê zerar o déficit da União em 2024 e indica o compromisso de gerar superávit primário de 0,5% em 2025 e, em 2026, último ano de governo, aumentar o saldo positivo para 1% do PIB. O governo definiu uma tolerância de 0,25 ponto percentual para cima ou para baixo em cada uma dessas metas, algo semelhante ao que acontece com a meta da inflação.

Outro aspecto da proposta, é o aumento do gasto acima da inflação. A estratégia é limitar o aumento anual das despesas federais a 70% da variação da receita dos últimos 12 meses. É previsto ainda um piso e um teto para o avanço real dos gastos (acima da inflação). Independentemente do resultado da receita, as despesas não poderão crescer menos de 0,6% nem mais de 2,5% ao ano. 

Está na proposta também um mecanismo de correção da trajetória dos gastos. Ou seja, se o governo não conseguir atingir o piso da meta de superávit primário, o crescimento das despesas será limitado a 50% das receitas no ano seguinte. Na questão dos investimentos, a pedidos do presidente Lula, se o superávit primário ficar acima do teto da banda da meta anual, será permitido que o valor excedente seja destinado para financiar investimentos públicos. 

Mesmo ainda faltando detalhes e sob possíveis mudanças durante a tramitação, o fato da proposta ter sido apresentada traz visibilidade e cria uma base para o mercado. Durante o anúncio, o ministro disse que a nova regra não resolve tudo, “mas é o começo de uma longa jornada”. Haddad também disse que não irá aumentar a carga tributária, mas pode buscar aumentos de receita com a taxação de alguns com privilégios fiscais.

Após a apresentação da proposta, o Ibovespa, principal indicador acionário da bolsa brasileira, subiu 1,89%, com o dólar recuando 0,73%.

Confira outros conteúdos da nossa newsletter

Fusões e Aquisições (M&A).
Crise nos bancos afeta o mercado internacional.
Portofino Multi Family Office na mídia.
Guia: Próximo dia 05.04 é o prazo final para entrega da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (DCBE).

Arcabouço fiscal movimenta mercado depois de longa espera

A transformação no mercado de M&A e o olhar para além dos deals

(Tempo de leitura: 5 min)

O mercado de operações de M&A (Fusões e Aquisições) vem nos últimos anos se destacando pelos grandes volumes de negociações. Após ter em 2021 um ano recorde, as transações caíram 43% em 2022, segundo a consultoria global Bain & Company. Os dados mostram que houve uma redução no volume negociado entre esses dois anos, entretanto, mesmo assim, 2022 foi o segundo melhor ano do setor, nos últimos 20 anos. Essa leitura mostra como o mercado vem mudando e se fortalecendo.

Portofino inaugura área de M&A e amplia portfólio de soluções para clientes

“O número de empresas que fazem M&A aumentou. Se olhássemos há 5 anos, a gente brincava que M&A era negócio de gente grande”, diz Luiz Guimarães, sócio Portofino MFO – Fusões e Aquisições. Comprar e investir em empresas eram atividades dos grandes fundos e corporações globais, mas, ao longo dos anos, o M&A foi desmistificado. Empresas médias começaram a perceber que elas podem comprar outras empresas e o universo de players aumentou.

Muito dessa transformação passa pelo amadurecimento e mudança de mindset por parte dos empresários. As empresas e os empreendedores perceberam que ter profissionais mais capacitados e reduzir o nível de informalidade era um preço justo a se pagar para obter ganhos futuros.

“Quando uma empresa estrangeira vinha fazer aquisições aqui, era receita por fora, sonegação de imposto, falta de controle financeiro. Com o fechamento do cerco da Receita Federal para ilegalidades, houve um amadurecimento do empresário em entender que a informalidade não vale a pena”, comenta Luiz.

A desmistificação, em conjunto com o amadurecimento dos players, reflete em um mercado mais resiliente. “Por mais que o volume [de negociações] caia neste ano, provavelmente será um dos melhores anos também”, prevê o executivo, mesmo em um ambiente econômico e político longe do ideal e bastante desafiador.

Falando em mercado…

Duas tendências podem se destacar ao longo do ano: o private equity e as negociações middle market.

“O mercado de private equity está super capitalizado. E, geralmente, os gestores aproveitam essa baixa do mercado para fazer investimentos”, explica Thiago Barros, sócio Portofino MFO – Fusões e Aquisições (M&A). 

Os investimentos nessa linha devem aumentar bastante já que, via de regra, nos sinais de turbulência, o private equity, que está capitalizado, tenta avançar. “Devemos ter bastante investimento de private equity, até porque o private equity também é uma opção à bolsa”, analisa Thiago. 

Depois da “enxurrada” de IPOs em 2020 e 2021, em 2022 houve uma “seca” de abertura de capital com nenhuma empresa entrando na bolsa, o primeiro ano desde 1998 que isso aconteceu. “Os IPOs, de acordo com o que temos acompanhado no mercado, devem voltar a acontecer no segundo semestre. Quem estava com plano de fazer no primeiro semestre, vai ter que se financiar de outra forma”, afirma Barros.

Devido ao cenário econômico já mencionado, os mega deals devem ser mais incomuns ao longo do ano, abrindo espaço para as negociações middle market. Com o mercado de capitais fechado, sem dívida para financiar crescimento, os compradores vão ser um pouco mais seletivos com os investimentos.

Em um cenário como esse, com alta taxa de juros e o aumento do preço do dinheiro, é imprescindível contar com a expertise de um time sênior, com tempo e conhecimento para ajudar na assessoria de compra, venda e, principalmente, captação de recursos para a sua empresa.

Na Portofino, o M&A vai além dos deals

A Portofino possui um amplo portfólio de soluções que funciona como uma “central de inteligência” para pessoas, famílias e empresas. Do planejamento estratégico, patrimonial, sucessório à gestão de recursos, em todas as suas iniciativas, o alinhamento com o cliente vem em primeiro lugar, mitigando qualquer conflito de interesses. Na vertical de Fusões e Aquisições (M&A), esse propósito se fortalece.

Em um trabalho que vai muito além das transações, Luiz Guimarães e Thiago Barros ressaltam a importância deste momento na vida dos empresários, seja na compra, na venda, em uma fusão ou captação de recursos. “É um momento muito importante na vida dos donos e sócios e, ao mesmo tempo, super complexo. Por isso, optar por uma casa com propósito, independente, imparcial e com um portfólio de soluções tão completo, traz uma conveniência que com certeza será revertida em eficiência para todo o patrimônio”.

Confira outros conteúdos da nossa newsletter:

Arcabouço Fiscal.
Crise nos bancos afeta o mercado internacional.
Portofino Multi Family Office na mídia.
Guia: Próximo dia 05.04 é o prazo final para entrega da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (DCBE).

Arcabouço fiscal movimenta mercado depois de longa espera

Crise bancária desperta lembranças negativas no mercado

(Tempo de leitura: 6 min)

O mês de março revisitou sérias questões envolvendo grandes bancos mundiais. A partir da falência do Silicon Valley Bank, o 16º maior banco dos Estados Unidos, e o anúncio de fechamento do Signature Bank, não demorou muito para as primeiras referências serem feitas à crise bancária de 2008 e o temor de um flashback balançar o mercado. Além da inflação e alta de juros, os investidores e economistas ganharam mais um vilão enquanto vislumbram por dias melhores.

A ruína do Silicon Valley Bank e, após dois dias e o anúncio de fechamento do Signature Bank deram início a um estremecer do mercado apontando que uma crise bancária poderia estar diante de nós. 

Atuação do governo americano

A resposta rápida à crise pelo governo americano, assim como na Suíça, e as mudanças no setor financeiro de 2008 para cá, mostram que lições foram aprendidas e alimentam a esperança de que nenhum filme precisará ser feito para representar uma nova crise com as  dimensões do que vimos há 15 anos. Mesmo assim, em audiência no Congresso Americano, supervisores do FED (Banco Central Americano) e sistema regulatório foram duramente criticados. “Toda nossa economia foi prejudicada e abalada pelo que aconteceu neste mês. Nosso sistema regulatório bancário tem algumas falhas reais”, disse o democrata e congressista Brad Sherman, da Califórnia.

Os agentes globais tentam emplacar que essa crise é diferente do que foi visto em 2008 e constantemente afirmam sobre a solidez e a saúde do sistema financeiro. Mas, mesmo assim, é inegável que o sistema bancário e órgãos e sistemas reguladores estejam sob forte pressão.

Em meio a tudo isso, ainda houve a reunião do Federal Reserve para definir a taxa de juros, os famosos Fed Funds. A decisão foi de elevar em 0,25 pontos percentuais os juros americanos, para 5% ao ano, a maior taxa desde 2007. Antes do caos do Silicon Valley Bank, as projeções apontavam para uma alta maior, de 0,5 pontos percentuais, mas Powell, presidente do Federal Reserve, e o comitê optaram por um ajuste mais modesto, já que a crise foi causada justamente pelos juros altos. 

No comunicado, a sutil mudança no texto, de “aumentos futuros seriam necessários” para “algumas políticas adicionais podem ser apropriadas” não descarta mais aumentos, porém sinaliza o impacto da crise bancária e o aperto pode ser mais brando. Jerome Powell ressaltou a solidez e resiliência do sistema bancário americano e que o “Fed está preparado para usar todas as suas ferramentas para mantê-lo são e salvo”. Sobre os impactos, contudo, “ainda é muito cedo para dizer”.

Aquisição

O First Citizens Bank, um dos maiores bancos regionais dos EUA, fechou acordo para comprar o Silicon Valley Bank que no dia 27 já teve as suas agências abertas com a nova bandeira.

Os donos do First Citizens Bank são de uma família bilionária que está construindo um império bancário silenciosamente, através da aquisição de instituições com problemas, como esta ocorrida. A sua última grande aquisição, antes do SVB, foi o CIT Group em janeiro de 2022. No caso do SVB, em comunicado, seu CEO acredita que esta transação se baseia nas capacidades do grupo nos setores de inovação e tecnologia e que há ventos favoráveis ​​seculares de longo prazo apoiando negócios de tecnologia e saúde que continuarão a impulsionar o crescimento no futuro.

Na Europa, também acompanhamos de perto a compra do Credit Suisse pelo UBS por US$ 3,25 bilhões, após o CS revelar que identificou “debilidades significativas” em seus procedimentos de balanços e controles nos últimos dois anos.

Neste domingo, 2, o procurador-geral da Suíça abriu uma investigação sobre a compra do Credit Suisse pelo banco UBS, com uma ação que busca averiguar possíveis violações da lei criminal por parte de funcionários do governo, reguladores e executivos dos dois bancos. O UBS concordou em comprar o banco rival suíço Credit Suisse em uma fusão forçada para evitar uma crise no mercado bancário global.

Cautela

Com tudo isso acontecendo no cenário internacional, a crise no setor bancário e a alta dos juros, adotamos uma postura de grande precaução no momento. A situação ainda é de indefinição e muita complexidade. Por um lado, a inflação segue em patamares elevados, impulsionado pelo mercado de trabalho extremamente apertado. Por outro, a fragilidade identificada em bancos regionais americanos e bancos europeus contrata uma restrição de crédito com característica recessiva.

Ainda, o que deixa o cenário bastante imprevisível, é a necessidade dos bancos centrais manterem políticas monetárias restritivas devido ao nível de inflação e, ao mesmo tempo, a necessidade de reduzir os juros, devido ao problema de liquidez dos bancos. É momento de sermos mais conservadores e ficarmos de olho nas possíveis oportunidades que tudo isso poderá trazer.

Outros conteúdos da nossa newsletter:

Arcabouço Fiscal.
Fusões e Aquisições (M&A).
Portofino Multi Family Office na mídia.
Guia: Próximo dia 05.04 é o prazo final para entrega da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (DCBE).