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Macroview | O mercado financeiro em 2022 e as possibilidades para o início de 2023.

Macroview | O mercado financeiro em 2022 e as possibilidades para o início de 2023.

Este ano, mais uma vez, foi um tanto desafiador para os mercados e seus agentes. Nos primeiros meses a preocupação em relação a como os Bancos Centrais de países desenvolvidos agiriam para solucionar as altas da inflação elevadíssima era a pauta, além da absurda Guerra Russia x Ucrânia e todas as sanções econômicas impostas pela Otan e aliados. O que se concretizou foi uma alta bastante expressiva nas taxas de juros em virtude do cenário de forte inflação. Neste sentido, o movimento resultou em quedas tanto em Renda Fixa quanto em Renda Variável, afetando até a “tradicional” carteira do investidor americano, de 60% em Renda Variável e 40% Renda Fixa.

A partir da metade do ano, os preços, principalmente no mercado internacional, se ajustaram ao processo de aumento de juros no mundo e o foco então se voltou para o mercado doméstico, ao passo que nos aproximávamos das eleições presidenciais. Do lado econômico, até vivíamos uma expectativa positiva, principalmente quando olhávamos para o mundo. O processo de ajuste da taxa de juros havia sido feito desde o começo de 2021 e discutíamos o momento de corte dos juros em 2023, na contramão dos países do primeiro mundo que sofriam com questões inflacionárias. Os dados de inflação surpreendiam para baixo e os de crescimento para cima, desenhando uma combinação perfeita.

Entretanto, a corrida eleitoral era um fator importante e que impossibilitava a definição de um cenário mais claro. Com uma disputa muito polarizada e acirrada, era difícil a leitura de um cenário futuro. Até certo ponto, antes da definição nas urnas, o mercado previa a vitória de Bolsonaro, o que acabou não se confirmando. Em momentos assim, a nossa cultura é a de sermos mais cautelosos, priorizando a proteção das carteiras.

Confira abaixo a relação dos Ministros selecionados pelo novo Governo:

“Infelizmente, o Brasil nunca perde uma oportunidade de perder oportunidades”.

Essa é uma frase cunhada por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e ela pode ser muito bem encaixada ao longo do ano para o Brasil. 

Explicamos. 

O resultado das eleições trouxe um compasso de espera, dado que viria um novo governo, e precisaríamos de algum sinal para começar a planejar nossas decisões. Os sinais vieram, mas, infelizmente, no aspecto negativo, e, como consequência, conforme as decisões do governo de transição iam sendo tomadas, foi necessário mais um ajuste no nível de risco. E aqui podemos entender como a frase de Campos Neto passa a ter sentido. Isso, pois, por estar em um estágio mais avançado do ciclo de alta de juros, com sinais de desaceleração da atividade – e, em menor grau, mas também da inflação – se acumulando, era possível vislumbrar um início de ciclo de queda de juros relativamente cedo, já no início de 2023.

Essa hipótese, em um momento em que o mundo desenvolvido ainda estará em modo de aperto monetário, traria uma diferenciação positiva e bastante significativa para a economia brasileira, diminuindo sobremaneira o provável impacto negativo de um mundo em desaceleração. Porém, as desnecessárias e custosas incertezas fiscais tornaram esse cenário pouco provável. Por fim, o ano de 2022 foi um ano muito desafiador, entre escapar de armadilhas, euforias pontuais e pessimismo exagerado. As manobras estratégias para atravessarmos as inúmeras turbulência ao longo do ano foram importantes para não ter danos estruturais nas carteiras.

Ano novo, novas perspectivas?

O ano será novo, mas 2023 ainda deve trazer importantes temas iniciados em 2022. A iniciar pelo cenário de inflação nos Estados Unidos que, apesar dos dados mais recentes apresentarem surpresas timidamente positivas, o cenário-base ainda corrobora com o processo de aperto monetário. Um outro tema é a “recessão econômica”, expressão trending topics nos buscadores quando o assunto é economia. O mercado acompanhará de perto o tamanho e a intensidade dessa recessão, com impactos principalmente para a Renda Variável, mais um motivo para cautela máxima.

No Brasil, a postura orientada para um governo com perfil de maiores gastos e concessões de linhas de crédito deterioraram consideravelmente os fundamentos do país, consolidando a possibilidade de manutenção – ou até elevação – da taxa de juros para o cenário à frente.

Visão Estratégica PMFO

A estratégia de diversificação de portfólio sofreu bastante neste ano, dado que apenas estratégias que acompanham a taxa Selic – os chamados Pós-Fixado – principalmente por Crédito Privado, onde existe um spread adicional à Selic ou investimentos em teses Alternativas, dentre elas Multimercado e Distressed, tiveram sucesso frente ao CDI. 

Diante de um ano como esse, se mostrou essencial a capacidade de acesso a uma gama completa de ativos para conseguirmos extrair o máximo de retorno num cenário tão incerto. As nossas decisões dentro das classes de ativos, diante dos cenários que se desenharam neste ano conturbado, também foram importantes, exemplo feito a Renda Variável, na qual a diminuição relevante de bolsa americana se mostrou acertada, visto que o índice das maiores empresas dos Estados Unidos apresenta queda de quase 20%. Trazendo o olhar para o campo doméstico, a PEC da Transição representa fator determinante na preocupação com a saúde fiscal no longo prazo. Dito isso, entraremos em 2023 mais pessimistas e iniciaremos o ano com nível de risco mais baixo que o habitual.

No mercado internacional, iremos privilegiar a estratégia de Renda Fixa, principalmente dívida de empresas de melhor qualidade de crédito, com uma menor exposição em Renda Variável Global. 

Já no mercado local, preferimos ativos indexados ao CDI que contenham também spread de crédito via alguns instrumentos: I) ativos Isentos bancários, II) Debêntures, III) Fundos de Crédito Estruturado. Ainda em Renda Fixa, estratégias com componente prefixado serão em proporções menores e com prazos mais curtos, enquanto na Renda Variável, navegaremos com exposição mais baixa. Para finalizar, teses alternativas com componente de Equity (empresas privadas) ou a classe Imobiliária trataremos apenas de forma oportunística. Lembrando que passaremos ainda por um momento de maior volatilidade, sugerindo muito estudo para caso haja uma mudança desse cenário.

Por fim, continuaremos com nossa metodologia de gestão ativa e profissional na estratégia de investimentos, em busca de proteger e ampliar o patrimônio dos nossos clientes de forma sustentável e multigeracional.

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Desejamos a todos boas festas e um feliz ano novo, de muitas conquistas e prosperidade. Obrigado pela confiança em nosso trabalho!

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A China em foco

Conduzindo uma política muito restritiva e polêmica desde a eclosão do vírus, no dia 7 de dezembro, devido ao desaquecimento econômico e aos protestos contrários ao confinamento, a China abandonou abruptamente as severas medidas de saúde implementadas pela política de Covid-zero. Ela visava evitar a proliferação de contágios da doença, mas os efeitos foram duros para a economia global e para a população chinesa.

Esse movimento de reabertura aumentou a circulação das pessoas e, consequentemente, do vírus, resultando no crescimento do número de casos da doença. Logo após o relaxamento das medidas, notou-se uma discrepância no número real de casos e a quantidade reportada pelas autoridades, incluindo a de mortes. Neste sentido, a Comissão Nacional de Saúde anunciou que não irá mais informar os números diários de casos e mortes por Covid-19. Além disso, a maior circulação das pessoas colocou pressão nos hospitais, no sistema de saúde chinês e, de acordo com relatos de funcionários, serviços funerários estão cheios. 

O momento é diferente. Atualmente, grande parte dos países já possui um esquema vacinal bastante desenvolvido e com importante parcela da população totalmente protegida. No lado sanitário, o receio dos especialistas se dá, pois acreditam que a população chinesa não foi vacinada adequadamente, principalmente da parcela que é considerada grupo de risco, como os idosos. Outro ponto de preocupação fica quanto ao surgimento de possíveis novas variantes.

No ponto de vista econômico, autoridades japonesas, taiwanesas e americanas já se pronunciaram sobre os riscos no aumento de casos. A flexibilização das medidas de restrição são positivas para que a China possa ter um crescimento econômico, já que com a dura política vigente desde 2020 as projeções são para um crescimento muito menor do que as expectativas do governo. Um exemplo foi a alta expressiva da Bolsa de Hong Kong após anúncios do governo chinês. Por outro lado, as incertezas em relação ao crescente número de contágios e a falta de clareza das autoridades chinesas já é uma questão que está atraindo as atenções.

Por fim, a Covid-19 continua no radar dos investidores, assim como diversos outros indicadores que já estão nos checklists do mercado financeiro. Apesar de já ter se passado praticamente três anos desde o surgimento do vírus, ele continua sendo ponto de preocupação e acompanhamento, tanto de autoridades sanitárias quanto instituições financeiras.

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Os dois lados do peso argentino

Nem mesmo o melhor roteirista de Hollywood poderia escrever uma história tão completa quanto foi a dessa Copa do Mundo. Depois de um mês de torneio, às 12h00, do dia 18 de dezembro de 2022, Argentina e França, Messi e Mbappé, entravam em campo para disputar – possivelmente – a melhor final de Copa do Mundo. E, por falar em história, esse jogo foi responsável por escrever mais um capítulo e corrigir uma das maiores injustiças do futebol: Lionel Messi finalmente venceu uma Copa do Mundo pela Argentina e se “Maradonizou” para a eternidade.

Para nós, brasileiros, que estávamos esperançosos que o Hexa finalmente viria, ficamos mais uma vez na decepção. Enquanto a esquadra comandada por Neymar e Tite caiu para a histórica geração croata, Messi e Mbappé, por estradas distintas, levaram suas seleções ao grande palco. 

Quando se fala de futebol não podemos tratar como uma ciência exata, como diz a expressão: “é uma caixinha de surpresas”. Antes de um torneio dessa magnitude, todos gostam de palpitar e muitos se reúnem com amigos para fazer os famosos bolões. Mas o que muitas pessoas não contavam eram com as zebras da Copa. A desclassificação na fase de grupos da Alemanha, Bélgica e Uruguai, a queda precoce do Brasil e a histórica campanha de Marrocos, derrotando favoritas como Espanha e Portugal, com certeza surpreendeu todo mundo.

Nem mesmo a campeã Argentina ficou de fora dessa ao perder para a Arábia Saudita logo na primeira partida. “Where is Messi? Where is Messi?” foi o primeiro meme que surgiu na competição. Entretanto, “quem ri por último ri melhor”, deve ter dito Messi enquanto comemorava sua primeira Copa do Mundo.

E como nos bons clichês de filmes, ali se escrevia um belo roteiro. Os percalços no caminho de um time campeão, o herói que passa por um momento de desconfiança e logo chega à sua redenção.

Apesar de ser difícil assistir os nossos maiores rivais sendo campeões, ficou para nós a responsabilidade de contar para as futuras gerações sobre a coroação de um dos maiores jogadores da história. Além disso, ainda temos muito do que se orgulhar, até porque seguimos como a única seleção pentacampeã.

Um suspiro de alívio

Se a vitória é para se orgulhar, alentar pela seleção foi um alento para a população argentina. Eles que vivem o futebol de uma forma completamente diferente dos outros países, não estão tendo muito o que comemorar por lá. O tri mundial foi uma válvula de escape para a crise econômica tão dura para as pessoas que moram lá.

Lidando com uma profunda crise econômica, a Argentina tem uma das maiores inflações do mundo. Depois de um crescimento de 6,3% em outubro ante setembro, em novembro, em relação a outubro, a alta dos preços foi de 4,9%, enquanto na comparação anual a alta é de 92,4%. Alguns especialistas dizem acreditar que é possível a inflação atingir 100% nos próximos meses. Correndo atrás para domar a inflação, o banco central argentino tem se movimentado e a taxa de juros já está em 75% ao ano. Na última reunião, a autoridade reforçou que continuará observando a evolução da inflação. Neste cenário, mais de 35% da população está vivendo abaixo da linha da pobreza e o déficit fiscal do governo também continua sendo um problema. 

Por fim, a “ressaca” das comemorações é dura, em meio a tanta dor e dificuldade que os cidadãos argentinos enfrentam no dia a dia, mas o título esperado por 36 anos é um suspiro e ar de esperança para dias melhores.

Deixamos aqui o nosso parabéns aos hermanos! Em 2026, tem mais.

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Retrospectiva 2022

Chegamos naquela época do ano na qual começamos a revisitar todas as promessas que fizemos no começo do ano, quais delas cumprimos e quais ficaram pelo caminho. Além disso, em meio às viagens e festas de fim de ano, acontecem as famosas retrospectivas. Portanto, antes de fazer promessas para 2023, e pular as sete ondinhas na virada do ano, vamos relembrar o que de mais importante aconteceu e influenciou o mercado financeiro em 2022.

De olho nos preços

Não tem como passar por 2022 sem falar da inflação. A maior vilã dos bancos centrais passou o ano todo aterrorizando investidores, famílias e políticos, seja no Brasil ou no exterior. Por aqui, vimos ao longo do ano vários fatores que mexeram com o IPCA, como, por exemplo, as questões dos combustíveis.

Decorrente da pandemia de Covid-19 e agravada pela guerra na Ucrânia, a alta de preços no Brasil, em 12 meses, chegou a ultrapassar 12% no início do ano. Apesar disso, poucos meses depois observamos algumas deflações mensais na divulgação do indicador. Mesmo com os números negativos em julho, agosto e setembro, o movimento se devia em grande parte ao reajuste no preço dos combustíveis, que tiveram cortes nos tributos estaduais e federais. Em novembro, o IPCA subiu 0,41%, registrando uma inflação acumulada em 12 meses de 5,90%. No ano, a taxa é de 5,13%. Como resposta, o Banco Central seguiu seu aperto monetário, que estava em 9,25% ao ano em janeiro e passou para 13,75% ao ano em agosto, estacionando neste patamar após 12 altas seguidas.

Nos EUA e Europa, o clima é de muita apreensão para tentar controlar a alta dos preços. Enquanto tentam conter a maior inflação em 40 anos, as autoridades monetárias também buscam encontrar o equilíbrio para evitarem uma recessão global de grande magnitude. Em novembro, a inflação nos EUA (CPI) subiu 0,1%, enquanto o acumulado em 12 meses chegou a 7,1%. Na Europa, os dados da Zona do Euro em novembro apresentaram baixa de 0,1% e, nos últimos 12 meses, recuou para 10,1%.

O combate no leste europeu

O ano mal havia começado e já estávamos nos deparando com o principal acontecimento deste ano. No dia 24 de fevereiro, o mundo foi surpreendido com a invasão das tropas russas no território ucraniano. Comandada pelo presidente Vladimir Putin, a ação chocou o planeta. Por muito tempo, as notícias sobre a guerra eram manchetes nos principais jornais digitais e impressos. Dez meses depois, o conflito ainda persiste e sem nenhuma perspectiva de resolução pacífica.

A guerra também foi um grande catalisador para o cenário econômico que encontramos atualmente. O confronto intensificou ainda mais a alta de preços, principalmente em energia e alimentos, e a corrida dos países para controlar esse problema. Dentre alguns fatores, podemos citar a alta no preço do barril de petróleo, por exemplo. A Rússia é uma das maiores produtoras da matéria-prima no mundo e as incertezas fizeram com que o preço do barril ultrapassasse US$ 100 após o início da guerra. É importante relembrar que a política de preços da Petrobras é de paridade internacional, portanto a alta internacional de preços nos afeta diretamente. Além disso, outro exemplo de que a guerra influenciou no processo inflacionário é o setor de alimentos. Ambos os países envolvidos neste conflito são grandes exportadores de trigo, ou seja, as instabilidades nos respectivos territórios e as sanções reduziram a oferta deste produto que é a base de muitos alimentos.

China x Covid-19 x EUA

Em 2022, dois anos depois do boom da pandemia, a Covid-19 continua sendo o principal ponto de atenção na China. A polêmica política de Covid-zero deu muito o que falar neste ano, já que ela é vista como uma das principais responsáveis pela desaceleração da economia chinesa. 

Nos últimos meses, foi visto um cenário muito incomum por lá: multidões tomaram as ruas de algumas cidades na China para protestar, principalmente depois de um incêndio em um prédio que deixou vítimas. Segundo informações, pessoas morreram pois estavam trancadas dentro de seus apartamentos como medidas da Covid-zero. O governo chinês anunciou, recentemente, medidas de flexibilização, mas a abrupta mudança foi seguida de uma eclosão no número de casos. Neste sentido, segundo informações da agência de notícias RFI, um terço da população de Pequim pode estar contaminada pelo vírus, ou seja, 22 milhões de pessoas. Contudo, a falta de transparência do governo chinês quanto à real severidade da situação, dificulta qualquer perspectiva. 

A crise do mercado imobiliário chinês também desencadeou uma série de manifestações pelo gigante asiático. Tendo como estopim o calote de US$ 300 bi da Evergrande, no ano passado, o setor imobiliário seguiu passando por dificuldades, e neste ano não foi diferente. Desta vez, sem ver um avanço na construção de suas residências, os proprietários decidiram parar de pagar os financiamentos. Nos últimos meses, contudo, o governo vem tentando estimular o setor que representa aproximadamente ⅓ do PIB chinês.

Além disso, a China vem travando a “guerra dos chips” com os EUA, mais um capítulo entre essas nações no cenário econômico. Os chips semicondutores ganharam mais notoriedade durante a pandemia, que com o aumento da procura de aparelhos tecnológicos e a confusão logística dificultaram a produção e manutenção de diversos produtos, como os carros, por exemplo.

Com as restrições impostas, os americanos visam não compartilhar suas tecnologias com os chineses, mesmo que Taiwan e Coreia do Sul comandem a fabricação dos semicondutores, estágios do processo de produção dependem de tecnologia dos Estados Unidos.

O enfrentamento tecnológico não foi a única notícia colocando China e EUA frente a frente. A visita de Nancy Pelosi, Presidente da Câmara dos Estados Unidos, a Taiwan elevou as tensões entre os dois países e o receio de que os chineses pudessem iniciar um confronto com os taiwaneses, podendo levar a mais uma guerra. Depois da visita, o gigante país asiático iniciou exercícios militares perto de Taiwan que ocorrem até hoje.

Congelando…

As criptomoedas também foram destaques ao longo do ano e estiveram constantemente entre os principais assuntos do mercado. Infelizmente, no lado negativo. Conhecido como “Inverno Cripto”, o período foi marcado por uma queda muito forte deste modelo de ativo. Para se ter ideia, em janeiro, as criptomoedas somavam US$ 2,2 trilhões em valor de mercado, mas, por meados de abril, o “inverno” foi bem rigoroso, derrubando o valor em US$ 1 trilhão. Como consequência de toda a instabilidade do cenário internacional, os ativos de risco – isso inclui as criptomoedas – sofreram um forte impacto e isso afetou também o Bitcoin, a principal criptomoeda do mercado, que caiu pela metade.

As temperaturas já estavam negativas, mas quando ninguém esperava chegou uma avalanche de neve para dificultar ainda mais. Essa avalanche foi o crash da FTX, e tal acontecimento aumentou a desconfiança com que as pessoas analisam esses ativos. Além desta crise, os colapsos de Terra/Luna, Celsius, da Three Arrow Capital, entre outros, favorecem também para a queda livre dos criptos.

Em entrevista à Exame, André Portilho, Head de Digital Asset no BTG Pactual, falou que “a crise não teve a ver com cripto, mas com o uso da tecnologia pelos intermediários. Esse problema foi uma fraude, um ato criminoso, e isso não tem nada a ver com a tecnologia de cripto e os benefícios que pode trazer para diferentes indústrias”. “Dinheiro do cliente é dinheiro do cliente, não toca nele. Em 1980, isso [usar recursos de clientes] aconteceu muito com corretoras brasileiras, é impressionante como a história se repete”, finalizou Portilho.

O grande duelo do ano

Muito mais do que um Brasil x Argentina ou um Messi x Cristiano Ronaldo (sim, a Copa acabou, mas ainda seguimos lamentando que o Hexa não veio), o maior head-to-head do ano foi Lula x Jair Bolsonaro. E como não poderia ser diferente, o confronto deu o que falar e marcou o ano.

As eleições terminaram com a vitória de Lula, por uma margem mais apertada do que as pesquisas previam, porém, os grandes impactos vieram depois da confirmação dos resultados. Logo após, apoiadores do presidente Bolsonaro saíram às ruas para protestar contra os resultados, inclusive bloqueando rodovias por todo o Brasil. 

A vitória de Lula trouxe incertezas para o mercado, com destaque para os nomes que seriam nomeados como os ministros – posteriormente com a confirmação de alguns de muita desconfiança do mercado – e a questão envolvendo a aprovação da PEC da Transição. 

O eterno Rei do Futebol

Antes de acabar o ano, uma triste notícia: O Brasil se despede de Edson Arantes do Nascimento, Pelé, o Rei do Futebol. O maior jogador de futebol de todos os tempos. A nossa homenagem ao Rei, ao seu legado e tudo que sempre representará para nós brasileiros.

Por fim, 2022 foi um ano bastante conturbado e de muitos acontecimentos. A retrospectiva listou somente alguns dos principais fatos deste ano que ficará marcado na história. E que venha 2023!

Boas festas!

Gestão Dinâmica | Nossa recomendação para os portfolios nesse final de 2022

Gestão Dinâmica | Nossa recomendação para os portfolios nesse final de 2022

Ao que tudo indica, o novo arranjo fiscal que se desenha para o Brasil reduz o espaço para cortes de juros no próximo ano. Hoje, seria necessária uma sinalização forte de austeridade para que esse quadro se revertesse. No curto prazo, entendemos que a decisão mais racional seja reduzir o risco das carteiras.

Ainda é possível corrigir o rumo. O novo governo pode anunciar um novo programa de austeridade fiscal, a própria PEC da Transição prevê o desenho de um novo arcabouço que substitua a regra do teto e um nome com credibilidade ainda pode ser apontado para o Ministério do Planejamento, o que melhoraria os preços de mercado rapidamente. Mas as ações mais recentes não estão apontando nessa direção.

Uma piora adicional dos preços talvez seja necessária para sensibilizar o novo governo e o próprio Congresso. Até lá, o mercado deverá esperar mais para se posicionar a favor de ativos de risco.

Na Portofino, deveremos optar, inicialmente, por um maior conservadorismo, deixando as carteiras mais leves, com um pouco mais de caixa e menor volatilidade…

A imprevisibilidade da estratégia fiscal e o risco de reversão de melhoras institucionais conquistadas em governos anteriores, nos fazem intensificar a postura mais conservadora adotada ao longo do ano.

Maiores alocações em ativos prefixados e de juro real continuarão a ser preteridos em função de uma maior alocação em ativos pós-fixados (CDI+). E, apesar de concordarmos com a atratividade dos atuais níveis de preço da bolsa brasileira, também manteremos posicionamentos mais conservadores nesta classe de ativos.

Importante deixar claro que esta é uma decisão temporária alinhada com a nossa avaliação conjuntural do cenário doméstico.

Estruturalmente e com um olhar de mais longo prazo, continuamos recomendando a disciplina de se manter a diversificação nas diversas classes de ativos em seus respectivos percentuais do patrimônio. Estes percentuais são determinados visando retorno e tolerância ao risco (perfil de investimentos) de cada carteira. Entre as diversas classes, mantêm-se necessárias aquelas que, a partir de hoje, taticamente faremos a redução do posicionamento.

Eduardo Castro é Chief Investment Officer na Portofino Multi Family Office e escritor das cartas estratégicas, “Ação e Reação”, “Causa e Efeito” e “Gestão Dinâmica”, para os clientes Portofino MFO. Clique aqui para ler e ouvir outras cartas e conteúdos.

Causa e Efeito | Não matem o mensageiro

Causa e Efeito | Não matem o mensageiro

Governos à esquerda do espectro político, são, na maioria das vezes, mais expansionistas fiscalmente quando comparados àqueles mais à direita. Esta constatação pode ser evidenciada comparando as políticas econômicas de governos republicanos e democratas nos Estados Unidos.

Não entraremos aqui no falacioso debate ideológico que supõe uma dicotomia entre responsabilidade social e responsabilidade fiscal. Na carta aberta escrita há duas semanas pelos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, direcionada ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, eles afirmam que “a responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social, para já ou quanto antes.”

O fato é que, sejam indivíduos ou famílias, empresas ou governos, aumentos de despesas mandatoriamente precisam ser financiados por corte de outros gastos, aumentos de receitas ou ambos. Nos governos em específico, o ajuste dessa equação se dá habitualmente por mais impostos, por corte de gastos discricionários e subsídios, ou pelo aumento da dívida pública. Esta última alternativa, se realizada sem concomitante aumento de credibilidade e confiança por parte dos agentes econômicos, se dá geralmente acompanhada por juros mais altos e maior inflação.

Em seus últimos discursos, o caminho adotado pelo presidente eleito tem sido na direção de satanizar o chamado “mercado”. Isso, como se os indivíduos, empresas e investidores em geral que, na prática, financiam o endividamento público, fossem os culpados em última instância pela piora da percepção de risco e impacto negativo nos mercados de ações, juros e câmbio.

Em uma simples analogia, seria equivalente a um indivíduo que, em um determinado mês, perdesse o controle dos seus gastos e culpasse o banco por entrar no cheque especial. Gasta-se mais do que recebe, e com a alegação da legitimidade e urgência das despesas inesperadas, briga com o banco que, em última instância, permitiu que aquele aumento de gastos fosse possível.

O mercado é pragmático. Independentemente de preferências políticas ou ideológicas, ajusta os preços dos ativos conforme sua avaliação prospectiva dos riscos e retornos potenciais. Diferentemente do inferido pelo presidente eleito, não existe uma perversidade implícita nisso. Na carta citada acima, o trio de economistas escreveram que “a alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. É preciso que se entenda que os juros, o dólar e a Bolsa são o produto das ações de todos na economia, dentro e fora do Brasil, sobretudo do próprio governo. Muita gente séria e trabalhadora, presidente”.

Ao longo dos próximos dias teremos a definição dos termos da PEC da Transição que, em última instância, poderá aumentar as despesas do governo em até R$ 200 bilhões por ano, ao longo de todo o mandato do próximo presidente. Dada a composição do Congresso e da atuação da bancada do Centrão, acreditamos que tanto o montante quanto o prazo deverão ser sensivelmente revistos para baixo. Adicionalmente, a definição dos novos ministros da área econômica, Fazenda e Planejamento, ajudarão a definir o preço justo dos ativos brasileiros ao longo das próximas semanas. A conferir.

Um orçamento deficitário automaticamente impõe a necessidade de se buscar fontes de recursos para financiá-lo. Se a intenção do governo é reduzir sua dependência do mercado e o custo do endividamento público, certamente o caminho não parece ser aquele que o próximo governo sinaliza querer trilhar. E é exatamente isso que expressa a depreciação dos ativos brasileiros em um cenário de significativa melhora do ambiente externo.

Às vezes, parece ser mais fácil querer matar o mensageiro. O problema é que neste caso o mensageiro e financiador são a mesma pessoa.

Eduardo Castro é Chief Investment Officer na Portofino Multi Family Office e sempre escreve nesta carta de gestão, “Causa e Efeito”, a sua visão estratégica sobre os principais fatos dos mercados e os impactos em nossa estratégia.

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