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O IBGE divulgou, nesta terça-feira (10), que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no Brasil, avançou 0,62% em dezembro. Dessa forma, a inflação acumulada fechou 2022 em 5,79%, abaixo dos 10,06% acumulados em 2021, mas acima da meta estabelecida, a qual era de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

De acordo com o IBGE, em dezembro, a maior variação (1,60%) e impacto (0,21 p.p.) foram de Saúde e cuidados pessoais. O resultado de 2022, por outro lado, foi impactado, principalmente, pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que, no acumulado do ano, teve o maior impacto (2,41 p.p.).

Na carta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dirigida a Fernando Haddad, ele listou que a inércia da inflação do ano anterior, elevação dos preços de commodities (em especial do petróleo), desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais, choques em preços de alimentação – resultantes de questões climáticas – e a retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo acentuado declínio da quantidade de casos de Covid-19 e consequente aumento da mobilidade, foram os fatores que contribuíram para que a inflação estourasse o teto da meta.

Por outro lado, Campos Neto também destacou que vários fatores, como redução na tributação sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, comportamento da bandeira de energia elétrica – que passou de escassez hídrica para bandeira verde – e melhora do câmbio, reduziram o desvio da inflação em relação à meta.

O presidente da autoridade monetária ainda destacou que a politica monetária “avançou substancialmente no terreno contracionista em 2022”.

As projeções condicionais do BC são de que a inflação acumulada em quatro trimestres prossiga a trajetória de queda ao longo de 2023, terminando o ano em patamar inferior ao de 2022. No Relatório de Inflação de dezembro de 2022, as projeções condicionais apontam para inflação de 5,0% em 2023 (queda de cerca de 0,8 p.p. em relação à inflação observada em 2022), 3,0% em 2024 e 2,8% em 2025, ante metas para a inflação de 3,25%, 3,00% e 3,00%, respectivamente.

Além disso, sobre o prazo para que a inflação termine dentro da meta, Campos Neto escreveu que “em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022”.

De maneira geral, os dados divulgados acima do esperado somam-se a piora das expectativas do mercado acerca da trajetória do IPCA para os próximos anos. A apreensão advinda dos riscos fiscais trazidos pelo posicionamento do novo governo, vêm se materializando em uma desancoragem inflacionária que pode mudar o rumo da política monetária.

Diante desse ambiente macroeconômico de grande incerteza, reduzimos taticamente a exposição à essa classe de ativo, devido ao risco de mercado, vis a vis, o retorno esperado, não fazer jus à alocação estrutural nesta classe.