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Por Esfera Brasil

(Tempo de leitura: 6 minutos)

O que você precisa saber:
Uma agenda propositiva, com olhar dedicado às oportunidades e desafios no curto e médio prazo: este foi o enfoque da terceira edição do nosso Seminário Brasil Hoje, realizado na segunda-feira (22), no Palácio Tangará, em São Paulo.


Entre os objetivos dos diálogos promovidos estavam o equilíbrio das contas públicas, a melhora do ambiente de negócios por meio de reformas microeconômicas, a segurança jurídica, o investimento em educação fundamental e a formação de um pacto nacional entre as três esferas federativas e o setor privado com vistas ao fim do crime organizado. Os pontos foram elencados por nossa CEO, Camila Funaro Camargo Dantas, em seu discurso inicial em nome do empresariado.

O evento teve transmissão ao vivo pelo nosso canal do YouTube, e cada um dos painéis pode ser visto e revisto. Abaixo, listamos diferentes opiniões que concentraram a atenção do painelistas e da plateia:

Segurança pública

“Eu penso que a educação, saúde e segurança pública são os três grandes problemas fundamentais que afligem a cidadania brasileira, mas talvez a segurança pública precisasse ser constitucionalizada — o Sistema Único de Segurança Pública, tal como, por exemplo, o SUS, com fundo próprio”.

— Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública.

“Para empresa, academicamente falando, as empresas olham o crime organizado como um imposto. Tenho um custo extra, eu tenho incerteza em relação a ele, é um custo de operar. Se eu tenho o crime organizado em algum lugar, a empresa que vem de fora tem menos vontade de estar naquele lugar”.

— Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

“As companhias privadas gastaram, em 2022, R$ 171 bilhões com segurança pública, sem contar o gasto indireto decorrente da concorrência desleal. A gente tem instrumentos ou estrutura para enfrentar essa criminalidade? Eu acho que, hoje, não. Nós insistimos naquela solução tradicional de aumentar pena, aumentar o endurecimento da legislação penal e aumentar a prisão”.

— Pierpaolo Bottini, advogado e professor de Direito Penal da USP.

“A ilusão do consumidor que está comprando coisa barata volta contra o consumidor. Em um negócio de postos de combustíveis de 2% a 3%, é impossível competir com a sonegação, crime organizado com margens que chegam a 45%. […] Sonegação, crime organizado e corrupção têm uma ligação. Todo emaranhado tributário presente no Brasil facilita o crime organizado. […] É um problema complexo que tem muito mais a ver com a inteligência do que com a força bruta”.

— Luís Henrique Guimarães, conselheiro da Cosan, Moove, Compass e Vale.

Política fiscal

“A gente tem que deixar muito claro o compromisso com a agenda fiscal. Se isso ficar claro, independentemente da mudança de meta, as pessoas vão acreditar que as coisas vão melhorar ao longo do tempo. […] O mercado de capitais, em 2015, levantava R$ 100 bilhões por ano e, hoje, são R$ 600 bilhões. O governo tem agenda ousada de concessões em várias áreas. Essa agenda caminhando, o setor privado vai dar conta do recado”.

— Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual.

“Somos um dos poucos lugares do mundo com segurança jurídica, democracia, população e oportunidades. O custo do capital é o grande desafio. E, para isso, conseguir demonstrar esse compromisso com as contas públicas é o que vai fazer destravar os investimentos”.

— Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master.

“O risco fiscal vai drenar oportunidades no Brasil. A gente já está vendo isso, estamos perdendo o timing, perdendo o bonde. […] Temos que ser muito mais bem-comportados do que estamos conseguindo ser. Não estamos conseguindo perceber que é necessário enxugar despesa, reservar recurso para fazer investimento, ter capacidade de atrair o capital privado e de liderar a transição energética”.

— Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

Transição energética e sustentabilidade

“O Brasil só pode ser líder global se for na liderança ambiental”.

— Helder Barbalho, governador do Pará.

“O sol é hoje uma grande fonte energética. Na área de biocombustíveis, todos sabem sobre o projeto que enviamos ao Congresso Nacional, o Combustível do Futuro. Chegamos a um consenso com o ministro Haddad para descarbonizar a matriz de transporte e mobilidade, mas principalmente criando mais quatro grandes indústrias para o Brasil, criando mandato. Mandato para o diesel verde a partir de 2027, etanol de 27,5% para 35% — tudo isso na cadeia do agronegócio nacional, fortalecendo a nossa grande vocação”.

— Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia.

“A interpretação sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial é o erro mais típico. É possível fazer isso, um bancando o outro […] A Petrobras jamais se furtou ou discutiu a tributação específica do petróleo. Nossa operação da Amazônia tem 35 anos, temos 20 mil empregos gerados em Urucu e municípios vizinhos. A maioria dos trabalhadores nascidos na Amazônia. Sem absolutamente nenhum acidente”.

— Jean Paul Prates, presidente da Petrobras.

“Nós temos materiais estratégicos. O que é o nosso papel no mundo de materiais estratégicos? É entregar o produto industrializado. Porque o carro [movido] a bateria vai resolver uma questão do Hemisfério Norte, onde a matriz energética não possui o biocombustível — ela é 100% a diesel. É mais barato para o Hemisfério Norte trocar o capex do veículo do que aguardar os dez anos [para trocar o] capex do carvão da matriz elétrica”.

— Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium.

“Neste momento em que estamos falando muito sobre descarbonização, eu acho que o fertilizante entra como um componente muito forte. Nós precisamos de três macronutrientes. Desses três juntos, nós importamos 85%. Um deles, que é o potássio, nós importamos 95%, da Rússia, Bielorussia, Israel e Canadá. E, desse total, 35% nós importamos de uma reserva indígena no Canadá”.

— Kátia Abreu, ex-ministra da Agricultura.

Eleições municipais

“Há duas teses sobre eleições municipais deste ano. A primeira, do Antonio Lavareda, de que os temas domésticos, como serviços públicos, problemas da rua ou do bairro, questões onde o poder público está mais próximo, serão as centrais. Os temas paroquiais, por assim dizer. Outra tese, sustentada por Thomas Traumann e Felipe Nunes, de que as eleições municipais de 2024 vão consolidar uma tendência de a política no Brasil ficar parecida com os Estados Unidos, onde vão se calcificando blocos políticos cada vez mais rígidos. No Brasil, seriam dois: um em torno da liderança do presidente Lula, heterogêneo, mas orientado por uma perspectiva progressista, e de outro lado um bloco também heterogêneo orientado por uma perspectiva conservadora. Dentro desses blocos, há de tudo um pouco”.

— Juliano Medeiros, ex-presidente do PSOL.

“Eduardo Campos foi candidato querendo romper essa polarização. João Campos é o prefeito mais bem avaliado de capitais do Brasil. Dentro desse eixo, Tabata pode romper essa polarização em São Paulo e em mais nove capitais em que o PSB estará disputando”.

— Felipe Carreras, deputado federal ex-líder do PSB na Câmara.

“Eu acredito que vai prevalecer os votos dos conservadores. As pesquisas que vejo hoje. A análise política vale para o dia. Estamos falando de uma eleição que vai acontecer em cinco meses. O Tarcísio é a maior revelação da política nos últimos dez anos. Não surgiu nada de novo além dele. O Tarcísio, há dois anos, era um extraordinário burocrata, com uma performance do governo Dilma muito bem avaliada — e seguiu no Temer. No governo Bolsonaro, a mesma avaliação. Hoje, é inquestionável que ele faz um bom governo. A dedicação que ele vem tendo na campanha do Nunes pode ser transferida, sim”.

— Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo.

Reformas e investimentos

“O Brasil é um país sem proporcionalidade na Câmara. É um absurdo. Único país do mundo, herança da ditadura. Voto tem que ser em lista fechada ou aberta, ou distrital puro, ou distrital misto, como no modelo alemão. Para consolidar nossa democracia. Polarização e radicalização existem porque estão querendo atacar a democracia. O Brasil merece uma oportunidade de diálogo e pacto social e político para enfrentar esse momento do mundo, que é de guerra”.

— José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT.

“Se o sistema é presidencialista, o congresso tem que seguir os limites. Tem que ter pulso e credibilidade para implementar o que a Constituição define. Ele foi eleito, ele tem que implantar a sua política”.

— Ronaldo Caiado, governador de Goiás.

“Do ponto de vista da Aegea, a gente percebe uma complementaridade entre o público e o privado. Parcerias público-privadas que exploram e capacitam o estado para suprir a deficiência são necessárias. A demanda estrutural do ativo é de tal ordem que a companhia pública não consubstancia o investimento em água e esgoto. Regimes de complementaridade são o que vão prevalecer. É preciso empresariar soluções para este momento”.

— Radamés Casseb, CEO da Aegea.

“Estamos otimistas, com planos de investimentos de R$ 50 bilhões nos próximos três anos. Temos um investimento de R$ 5 bilhões no setor de mineração que vai movimentar a indústria naval, pois vai construir 400 barcaças para transportar minério no rio Paraguai. A JBS tem investimentos de R$ 15 bilhões, mas o principal está no setor de celulose, na Eldorado, projeto que prevê investimento de R$ 25 bilhões na construção de uma segunda linha para adicionar 2,6 milhões de toneladas à nossa capacidade de produção de celulose”.

— Wesley Batista, acionista do Grupo J&F.

Somos parceiros da Esfera BR, uma iniciativa independente e apartidária que fomenta o pensamento e o diálogo sobre o Brasil, um think tank que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva. Todas as opiniões aqui apresentadas são dos participantes do evento. O nosso posicionamento nesta iniciativa é o de ouvir todos os lados, neutro e não partidário.

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Imagem em destaque: Ciete Silverio / Esfera Diálogos sobre o Brasil – Ricardo Lewandowski, Bruno Dantas, Alexandre Silveira, Nizan Guanaes.