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(Tempo de leitura: 6 minutos)

Por Esfera Brasil | Rodrigo Hunger*

Braskem está intimamente ligada à história da indústria petroquímica no Rio de Janeiro. Mas a gente não fica só falando de passado: todos os especialistas reconhecem que o Rio está especialmente posicionado para desfrutar de um novo ciclo de desenvolvimento que tem o gás natural e a indústria petroquímica como propulsores, promovendo desenvolvimento, empregos e renda.

O estado do Rio de Janeiro é responsável por 73% da produção nacional de gás natural e quase 90% da de petróleo, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já a indústria química representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do estado e emprega diretamente mais de 24,6 mil pessoas, estando presente em todas as regiões e em mais da metade dos 92 municípios fluminenses.

Em termos de distribuição de riqueza para o Rio, em 2020, foram arrecadados mais de R$ 349 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), considerando apenas a indústria do plástico, de acordo com dados do Ministério da Economia.

Desenvolver novos projetos a partir do gás natural do pré-sal, com infraestrutura para extração de matérias-primas para indústrias químicas e de fertilizantes, por exemplo, tem potencial de atrair até R$ 65 bilhões em investimentos, conforme pesquisa da Firjan feita em parceria com o Senai. Além disso, é estimada uma demanda de 180 mil empregos diretos e indiretos apenas para viabilizar as infraestruturas de tratamento e escoamento do gás.

Com todo esse potencial identificado, o desafio colocado para todos os players do setor é literalmente dar um gás – ou melhor: fazer o gás chegar ao continente para impulsionar novos investimentos, empregos e renda para a região e para o País.

O eixo que demanda mais atenção é a infraestrutura de hubs para o gás natural. Atualmente, temos 20 milhões de m3/dia em operação, 18 milhões de m3/dia para entrar em operação, 16 milhões de m3/dia já confirmados e outros 32 milhões de m3/dia em estudo. Isso significa mais que triplicar a oferta atual.

A discussão não se limita aos hubs de gás natural em si e chega à segregação das frações do gás natural em seus componentes. Por razões históricas e pelo perfil do gás natural produzido na bacia pós-sal, a infraestrutura de processamento de gás foi construída, no Brasil, privilegiando o uso energético e, dessa forma, o etano não é separado em todos os hubs de gás.

Entretanto, o gás natural oriundo dos campos de pré-sal apresenta teores mais elevados das frações pesadas, como etano, propano e butano. Se no passado havia razões técnicas e econômicas para evitar a separação de etano, atualmente faz menos sentido realizar investimentos mínimos somente com foco em energia. A partir da divisão das frações, a valiosa matéria-prima etano é aproveitada em seu potencial máximo, multiplicando a geração de valor pela cadeia petroquímica.

Dentre todas as matérias-primas de origem da cadeia de Óleo e Gás que podem gerar o eteno – químico básico mais importante na petroquímica –, o etano é a substância com maior eficiência de conversão, menor valor de investimento e menor impacto ambiental em termos de emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Os ativos de produção de eteno e polietilenos da Braskem em Duque de Caxias são baseados em gás natural, especificamente em etano e propano. A Braskem identifica um potencial para duplicar a capacidade instalada para processamento dessas matérias-primas, chegando a um milhão de toneladas de eteno por ano antes do final desta década.

Contudo, para destravar esse potencial, é necessário estimular a livre concorrência, buscar convergência entre os agentes da cadeia produtiva e logística, além da regulamentação e fomento dos governos federal, estadual e municipal, de forma a gerar competitividade para o gás brasileiro na comparação com outras regiões.

Investimentos na separação do gás e na ampliação da capacidade produtiva existente possibilitam não só reverter a tendência de aumento das importações de produtos petroquímicos, mas também abrem a possibilidade de o Brasil passar a exportar produtos de maior valor agregado a partir do gás natural do pré-sal, gerando desenvolvimento e riqueza para o estado do Rio de Janeiro.

É assim, pensando juntos em novas oportunidades, que pretendemos levar a indústria do Rio de Janeiro a um patamar mais alto, que o estado do Rio tanto merece.

*Diretor Industrial RJ da Braskem

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