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Tempo de leitura – Overview do dia em 14 minutos.

Nesta quarta-feira (7), tivemos o último dia do CEO Conference Brasil 2024, evento promovido pelo BTG Pactual. Desta vez, Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, e os ministros Rui Costa e Renan Filho foram algumas das figuras importantes do cenário político e econômico brasileiro que marcaram presença.

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Cenário Político e Macroeconômico 2024

No primeiro painel do segundo dia, e já tradicional do evento, André Esteves, Chairman e Sócio-Sênior do BTG, foi entrevistado por William Waack sobre diversos temas atuais do cenário político e macroeconômico. 

Esteves observou o ambiente favorável para investimentos no Brasil. Segundo ele, o país está se comportando bem e se mostrou satisfeito com o processo de harmonização construído ao longo do último ano. “Eu fico muito satisfeito com o que eu vejo depois do painel de Fernando Haddad e Roberto Campos Neto. 2023 começou com ataques de Lula ao presidente do Banco Central e críticas à independência da autarquia, mas terminou com ambos juntos em um churrasco de ministros”.

Ele também comentou que o Brasil tem um gasto muito alto e uma arrecadação também muito alta. Para ele, o ideal seria reduzir os dois e completou dizendo que “enquanto sociedade, temos que continuar cobrando o governo da vez, seja ele de esquerda ou de direita, para ter um compromisso com as futuras gerações”.

Em relação às questões ambientais, Esteves explicou que o Brasil tem a matriz renovável mais ampla do G20, mas ponderou que nenhum sistema trabalha somente com energia limpa. “Acho que a gente melhorou na questão ambiental, mas estamos longe do nosso potencial. Temos uma grande oportunidade na COP-30 do ano que vem, que acontecerá em Belém. Temos uma oportunidade de nos posicionarmos nesse ambiente como uma liderança ambiental”.

Expandido a conversa para o cenário global, o papo começou pelos nossos vizinhos argentinos. O chairman mostrou otimismo com o que está vendo na Argentina, afirmando que o país está no caminho certo, com um presidente preparado, que falou a verdade durante a campanha e está conseguindo vitórias pontuais. 

Na geopolítica, apesar dos conflitos no Oriente Médio, ele vê com bons olhos os investimentos sauditas e região, justificando que passam estruturalmente por um bom momento. “O que vimos em outubro do ano passado é o radicalismo contrário a isso, a um ambiente mais distensionado”, afirmou.

Ao fim do painel, as eleições americanas foram o tema. O sócio-sênior do BTG disse que hoje Trump é o franco favorito e tem uma certa preocupação com esse cenário. Para ele, isso será fonte de instabilidade global. Na conclusão, Esteves propôs uma reflexão quanto ao cenário eleitoral americano ao questionar como a democracia “mais sofisticada do mundo” não conseguiu produzir uma alternativa a Trump e Biden.

Concessões: Rodovias

Na sequência, foi a vez de Renan Filho, ministro dos Transportes, Marcello Guidotti, CEO da EcoRodovias, e Miguel Setas, CEO da CCR, subirem ao palco. 

O ministro iniciou sua participação explicando que o Brasil faz concessões de rodovias há pouco tempo e poucas foram feitas. Com isso, “conceder um trecho por ano não dialoga com a nossa necessidade de infraestrutura”. Ele estabeleceu como “meta ousada e ambiciosa” realizar 35 novos leilões durante o governo. Esse ano, o objetivo é fazer 13. Ele também criticou que foram realizadas muitas concessões desequilibradas, com negócios que seriam em tese bons. Renan Filho ainda indicou que a otimização desses contratos vai gerar investimentos de R$ 100 bilhões no curto prazo.

Em outro ponto do painel, o ministro disse à plateia que o Brasil tem capacidade de voltar a ser a sexta economia do mundo e comparou o país a uma “Kombi velha”, que “vive balançando, mas se apertar os parafusos, olhar o pneu, der um negocinho, ele vai para a sexta economia”.

Novo PAC: Atração de Investimentos e Responsabilidade Fiscal

Depois foi o ministro Rui Costa, da Casa Civil, que subiu ao palco. Durante o painel, ele afirmou que a agenda do governo em 2023 foi alcançada e conseguiram colocar de pé a reorganização do estado brasileiro. 

Um ponto importante foi quando o ministro afirmou que o “interesse nacional de se sobrepor a vaidades ou diferenças pessoais”. A fala veio ao ser questionado sobre os recentes impasses entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, após o presidente da Câmara, Arthur Lira, cobrar que o governo não cumpriu com alguns acordos e criticar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. 

Em complemento, Rui Costa afirmou que o governo cumprirá os acordos firmados com Lira a respeito do Orçamento de 2024. “Eu participei no fim do ano do diálogo direto com Lira, e o acordo que fizemos será cumprido, que foi incorporar as emendas de comissão no valor de R$ 11 bilhões. Este foi o acordo. O que foi colocado além disso não faz parte do acordo. Eu concordo integralmente com o texto dele, acordo é para ser cumprido”.

Além disso, o novo PAC foi tema de debate. O ministro disse que o PAC “tem um conjunto de investimento em infraestrutura e sociais e também um conjunto de medidas institucionais”. Ele apresentou que precisamos de um novo PAC pelos seguintes motivos: promover a infraestrutura econômica, social e urbana; incrementar o investimento público privado; gerar emprego de qualidade; e melhorar a competitividade da economia brasileira.

Visão das gestoras para 2024

“A bolsa está barata” foi uma frase de consenso entre André Caldas, Sócio-fundador da Clave Capital, Bruno Garcia, Sócio-fundador da Truxt, Carlos Eduardo Rocha, CEO/CIO da Occam, e Laércio Henrique, Sócio do BTG Pactual Asset Management. Os painelistas analisaram o mercado de renda variável local e internacional.

No olhar externo, Rocha compartilhou que o cenário lá fora é muito bom para investimentos em ações. Já Laércio Henrique acrescentou que o cenário externo é benigno. “Para a gente, o mais importante é termos algo que não permita uma recessão nos Estados Unidos. Continuamos confiantes que no primeiro semestre teremos um afrouxamento monetário”.

Por outro lado, Garcia destacou o receio que tem com a China, temendo que o modelo estrutural do gigante asiático esteja quebrado. Acrescentando aos riscos de 2024 em investir em ações, Rocha também chama atenção à China e aborda o risco fiscal. Para ele, a meta fiscal vai ser mudada, mas o mais tarde possível. 

Transição energética: Fontes, Infraestrutura e o Papel do Consumidor Final

Neste painel, o Diretor-Geral da Aneel, Sandoval Feitosa, debateu sobre o protagonismo do Brasil no contexto mundial da transição energética, os avanços na abertura do mercado livre e a alocação mais eficiente de custos no setor elétrico. 

Feitosa afirmou que o debate não é somente sobre transição energética, que o Brasil já alcançou, mas sim de transformação energética. “O Brasil é um país naturalmente vocacionado para a transição energética”.

No mesmo painel, Ricardo Botelho, CEO da Energisa, apresentou a perspectiva da empresa e afirmou que estão conscientes do compromisso de desenvolvimento do país.  

Otimismo com a inteligência artificial

Um dos grandes temas da atualidade é a inteligência artificial, e não tinha como ela ficar de fora do evento. O convidado foi Scott Galloway, professor da NYU Stern School of Business, que disse que os ganhos de produtividade serão muito grandes. 

Ele analisou o mercado acionário americano, que sete ações equivaleram a 70% dos ganhos do S&P, entre elas Microsoft, Nvidia, Alphabet e outras gigantes da tecnologia. Segundo ele, a maioria dos ganhos veio da inteligência artificial. Nesse sentido, criticou a empolgação com a tecnologia e questionou a sustentabilidade da valorização de mercado.

Galloway foi contundente ao dizer que o principal benefício social da IA será no setor de saúde, contribuindo em algo muito mais proativo no que diz respeito ao monitoramento. Ele acrescentou que a educação também deve se beneficiar bastante.

Entrando em um tema polêmico, quanto aos impactos no mercado de trabalho, ele disse que todas as empresas serão impactadas, mas não acha que a IA vai tomar o emprego das pessoas. A visão dele é que uma pessoa que saiba usar a inteligência artificial vai conquistar oportunidades. “Eu acho que vai abrir mais oportunidades de emprego do que fechar. Eu vejo IA como positiva para o emprego”.

Por fim, ele direcionou fortes críticas a como a ascensão das tecnologias pode afetar as relações humanas. Ele usou o Apple Vision Pro, óculos de realidade aumentada recém-lançado, como exemplo para dizer que “quando se usa um óculos desses, é uma maneira de dizer que você não quer que ninguém se aproxime de você”. 

Ele argumentou um grande receio de que a IA impulsione um movimento de “epidemia de solidão”. “Eu fico preocupado em criar pessoas que começam a olhar para algarismos como amigos e não vivam verdadeiras relações”. Ele comentou que a perda de habilidade de relacionamento pode impactar na vida profissional e pessoal das futuras gerações. O professor ainda jogou luz sobre os problemas que a IA pode gerar em períodos eleitorais. 

BNDES do Futuro: Desafios e Oportunidades

Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, foi convidado para falar sobre o futuro, desafios e oportunidades da instituição.

Dentre os assuntos que ele falou, os R$ 57 bilhões em financiamentos para infraestrutura em 2023 e o protagonismo da matriz energética foram debatidos. Sobre o último, ele disse que o Brasil tem uma vantagem energética, explicando que “somos o primeiro país do G20 que pode em 2040 chegar à emissão de 0%.

Além disso, Mercadante voltou a elogiar Roberto Campos Neto, presidente do BC, e afirmou querer que o “BNDES volte a ser o banco que era no primeiro governo FHC”. Ele tem como meta dobrar a participação do banco no PIB brasileiro, de 1% hoje para 2%.

Ciclo de flexibilização da política monetária

Para finalizar o CEO Conference deste ano, Eduardo Loyo, Sócio do BTG, Mansueto Almeida, Economista-chefe do BTG, e Tiago Berriel, Estrategista-chefe do BTG Pactual Asset Management, debateram sobre política monetária no âmbito global.

Em relação aos Estados Unidos, o grande questionamento para Loyo é se a batalha contra a inflação está ganha, ou não, e então começar a afrouxar os juros. ”Eu tenho muita dificuldade em me convencer de que a batalha está ganha. Acho que um pouco mais de cautela faz sentido”. Ele ainda acrescentou que a comunicação está um pouco confusa, mas ponderou que “o final dessa história será de um sacrifício muito menor do que se imaginava”.

Berriel concordou com o companheiro e falou: “o que deixa o mercado inseguro é que vemos dados até de uma economia acelerando. Essa segurança pode gerar uma postura mais conservadora. Acho normal um Banco Central tomar essa atitude de conter a animação antes de iniciar o ciclo. O problema do Fed foi a comunicação, de levar a uma excitação extrema e depois puxar o freio”. 

Por fim, Mansueto Almeida concluiu analisando o Brasil. Para ele, é muito cedo para falar de PIB potencial. “ A gente acredita que aconteceu algo no Brasil que tornou a economia mais resiliente”. Sobre a meta fiscal, disse que ninguém do mercado estima que o governo consiga entregar um déficit primário de 0%. Ele ainda acha que o debate sobre a mudança de meta fiscal para esse ano “pode durar mais tempo do que imaginamos”.

Este conteúdo é produzido pela PORTOFINO MULTI FAMILY OFFICE e fomenta o diálogo sobre a política e o empresariado brasileiro. A nossa opinião é neutra e não é partidária.