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O mês de março revisitou sérias questões envolvendo grandes bancos mundiais. A partir da falência do Silicon Valley Bank, o 16º maior banco dos Estados Unidos, e o anúncio de fechamento do Signature Bank, não demorou muito para as primeiras referências serem feitas à crise bancária de 2008 e o temor de um flashback balançar o mercado. Além da inflação e alta de juros, os investidores e economistas ganharam mais um vilão enquanto vislumbram por dias melhores.

A ruína do Silicon Valley Bank e, após dois dias e o anúncio de fechamento do Signature Bank deram início a um estremecer do mercado apontando que uma crise bancária poderia estar diante de nós. 

Atuação do governo americano

A resposta rápida à crise pelo governo americano, assim como na Suíça, e as mudanças no setor financeiro de 2008 para cá, mostram que lições foram aprendidas e alimentam a esperança de que nenhum filme precisará ser feito para representar uma nova crise com as  dimensões do que vimos há 15 anos. Mesmo assim, em audiência no Congresso Americano, supervisores do FED (Banco Central Americano) e sistema regulatório foram duramente criticados. “Toda nossa economia foi prejudicada e abalada pelo que aconteceu neste mês. Nosso sistema regulatório bancário tem algumas falhas reais”, disse o democrata e congressista Brad Sherman, da Califórnia.

Os agentes globais tentam emplacar que essa crise é diferente do que foi visto em 2008 e constantemente afirmam sobre a solidez e a saúde do sistema financeiro. Mas, mesmo assim, é inegável que o sistema bancário e órgãos e sistemas reguladores estejam sob forte pressão.

Em meio a tudo isso, ainda houve a reunião do Federal Reserve para definir a taxa de juros, os famosos Fed Funds. A decisão foi de elevar em 0,25 pontos percentuais os juros americanos, para 5% ao ano, a maior taxa desde 2007. Antes do caos do Silicon Valley Bank, as projeções apontavam para uma alta maior, de 0,5 pontos percentuais, mas Powell, presidente do Federal Reserve, e o comitê optaram por um ajuste mais modesto, já que a crise foi causada justamente pelos juros altos. 

No comunicado, a sutil mudança no texto, de “aumentos futuros seriam necessários” para “algumas políticas adicionais podem ser apropriadas” não descarta mais aumentos, porém sinaliza o impacto da crise bancária e o aperto pode ser mais brando. Jerome Powell ressaltou a solidez e resiliência do sistema bancário americano e que o “Fed está preparado para usar todas as suas ferramentas para mantê-lo são e salvo”. Sobre os impactos, contudo, “ainda é muito cedo para dizer”.

Aquisição

O First Citizens Bank, um dos maiores bancos regionais dos EUA, fechou acordo para comprar o Silicon Valley Bank que no dia 27 já teve as suas agências abertas com a nova bandeira.

Os donos do First Citizens Bank são de uma família bilionária que está construindo um império bancário silenciosamente, através da aquisição de instituições com problemas, como esta ocorrida. A sua última grande aquisição, antes do SVB, foi o CIT Group em janeiro de 2022. No caso do SVB, em comunicado, seu CEO acredita que esta transação se baseia nas capacidades do grupo nos setores de inovação e tecnologia e que há ventos favoráveis ​​seculares de longo prazo apoiando negócios de tecnologia e saúde que continuarão a impulsionar o crescimento no futuro.

Na Europa, também acompanhamos de perto a compra do Credit Suisse pelo UBS por US$ 3,25 bilhões, após o CS revelar que identificou “debilidades significativas” em seus procedimentos de balanços e controles nos últimos dois anos.

Neste domingo, 2, o procurador-geral da Suíça abriu uma investigação sobre a compra do Credit Suisse pelo banco UBS, com uma ação que busca averiguar possíveis violações da lei criminal por parte de funcionários do governo, reguladores e executivos dos dois bancos. O UBS concordou em comprar o banco rival suíço Credit Suisse em uma fusão forçada para evitar uma crise no mercado bancário global.

Cautela

Com tudo isso acontecendo no cenário internacional, a crise no setor bancário e a alta dos juros, adotamos uma postura de grande precaução no momento. A situação ainda é de indefinição e muita complexidade. Por um lado, a inflação segue em patamares elevados, impulsionado pelo mercado de trabalho extremamente apertado. Por outro, a fragilidade identificada em bancos regionais americanos e bancos europeus contrata uma restrição de crédito com característica recessiva.

Ainda, o que deixa o cenário bastante imprevisível, é a necessidade dos bancos centrais manterem políticas monetárias restritivas devido ao nível de inflação e, ao mesmo tempo, a necessidade de reduzir os juros, devido ao problema de liquidez dos bancos. É momento de sermos mais conservadores e ficarmos de olho nas possíveis oportunidades que tudo isso poderá trazer.

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